10 Comandos Linux Pouco Conhecidos que Podem Transformar Seu Uso do Terminal

O Linux é reconhecido mundialmente pela sua flexibilidade e controle, e grande parte desse poder se revela na linha de comando. Embora comandos como ls, grep e cd sejam universais e amplamente utilizados, o sistema operacional guarda um verdadeiro arsenal de utilitários menos conhecidos. Muitos deles permanecem escondidos até mesmo de administradores experientes, mas oferecem recursos únicos capazes de aumentar a produtividade, automatizar tarefas e trazer elegância às operações do dia a dia.

Agora, vamos explorar 10 comandos Linux pouco conhecidos, mas extremamente úteis, que podem elevar seu domínio sobre o terminal a outro nível. Se você deseja ir além do básico e tornar-se mais ágil e eficiente, esta lista é para você.

1. look — Busca Rápida em Dicionários ou Arquivos Ordenados

O comando look executa uma busca binária em um arquivo previamente ordenado, geralmente um dicionário, e retorna todas as linhas que começam com uma string específica. Ele é incrivelmente rápido e pode ser usado em diversas situações, como autocompletar termos, validar palavras em jogos ou verificar a existência de entradas em arquivos grandes.

Exemplo de uso:

look pro

Esse comando retornará todas as entradas do dicionário que começam com “pro”. É uma forma prática e quase instantânea de consultar termos sem precisar abrir e percorrer manualmente o arquivo.

Aplicações práticas do look:

  • Autocompletar em scripts personalizados.
  • Validação rápida em listas de usuários ou palavras.
  • Criação de ferramentas simples para jogos baseados em palavras.

2. rev — Inverta o Conteúdo de Linhas

O rev é um comando surpreendentemente simples, mas poderoso. Ele inverte cada linha de entrada caractere por caractere. À primeira vista pode parecer apenas uma curiosidade, mas em contextos de manipulação de strings, criptografia básica ou testes de algoritmos, pode ser extremamente útil.

Exemplo:

echo "Linux" | rev

Saída:

xuniL

Onde usar rev:

  • Verificação de palíndromos.
  • Transformações rápidas em pipelines de shell.
  • Processamento de dados textuais em scripts.

3. tac — O “cat” ao Contrário

Enquanto o cat exibe o conteúdo de arquivos de cima para baixo, o tac (cat escrito ao contrário) faz o oposto: imprime as linhas em ordem reversa. Isso é particularmente útil ao lidar com logs que crescem constantemente, já que as entradas mais recentes estão no final.

Exemplo:

tac access.log

Com isso, você pode ler os registros em ordem cronológica inversa, sem precisar usar combinações mais complexas como tail -r.

Cenários de uso:

  • Análise de logs em tempo real.
  • Leitura de arquivos em ordem invertida para depuração.
  • Processamento de dados estruturados de baixo para cima.

4. yes — Gerador de Fluxos Repetitivos

O comando yes imprime repetidamente uma string até ser interrompido. Embora possa parecer inútil à primeira vista, é uma ferramenta valiosa em automações e testes.

Exemplo clássico:

yes | sudo apt install pacote

Aqui, o yes envia confirmações automáticas (“y”) para cada prompt do instalador, agilizando instalações sem interação manual.

Usos comuns:

  • Automatizar respostas em processos interativos.
  • Testar buffers e desempenho de sistemas.
  • Gerar dados repetitivos para simulações.

5. nl — Numeração de Linhas com Estilo

Embora o cat -n já numere linhas, o comando nl vai além, permitindo maior controle sobre formatação, estilos e delimitadores lógicos.

Exemplo:

nl arquivo.txt

Com ele, você pode numerar apenas partes específicas de um arquivo, aplicar estilos diferentes e até organizar documentação de maneira estruturada.

Onde brilha o nl:

  • Preparação de arquivos para depuração.
  • Documentação técnica com controle de numeração.
  • Criação de listagens numeradas em relatórios.

6. column — Transforme Texto em Colunas Legíveis

O comando column é perfeito para organizar dados textuais em colunas alinhadas, facilitando a leitura de arquivos CSV ou relatórios.

Exemplo:

cat dados.csv | column -t -s,

Aqui, o -s, define a vírgula como delimitador e o -t cria uma tabela organizada.

Casos de uso:

  • Visualização rápida de arquivos CSV.
  • Melhorar a legibilidade de outputs de scripts.
  • Criação de tabelas no terminal para relatórios.

7. shuf — Aleatorize Linhas de um Arquivo

O shuf é ideal para situações em que você precisa embaralhar dados, seja para testes, simulações ou até playlists.

Exemplo:

shuf lista.txt

Isso embaralha todas as linhas do arquivo fornecido.

Usos criativos:

  • Geração de dados aleatórios para testes.
  • Criação de playlists randômicas.
  • Simulação de cenários com entradas imprevisíveis.

8. comm — Comparação de Arquivos Ordenados

O comando comm é uma ferramenta subestimada para comparar dois arquivos ordenados. Ele mostra três colunas: linhas exclusivas do primeiro arquivo, do segundo e as comuns a ambos.

Exemplo:

comm arquivo1.txt arquivo2.txt

É extremamente útil para sincronização de datasets ou análise de diferenças entre listas.

Aplicações:

  • Comparação de listas de usuários.
  • Identificação de deltas em arquivos de configuração.
  • Processos de auditoria em bancos de dados exportados.

9. chrt — Ajuste de Políticas de Escalonamento

Para quem trabalha com desempenho, o chrt é indispensável. Ele ajusta políticas de escalonamento em tempo real para processos, permitindo atribuir prioridade a tarefas críticas.

Exemplo:

sudo chrt -f 99 ./meu_programa

Nesse caso, o processo é executado com a maior prioridade fixa disponível.

Quando usar:

  • Testes de desempenho em aplicações críticas.
  • Ajustes finos em workloads de baixa latência.
  • Experimentação com políticas de escalonamento no Linux.

10. watch — Monitore Saídas Periodicamente

O watch executa um comando repetidamente em intervalos definidos e exibe a saída em tempo real. É perfeito para monitoramento e depuração.

Exemplo:

watch -n 2 df -h

Aqui, o uso de -n 2 faz com que o comando seja executado a cada 2 segundos.

Cenários práticos:

  • Monitorar uso de disco ou memória.
  • Acompanhar status de serviços.
  • Observar mudanças em arquivos dinâmicos.

Dominar o Linux significa ir além dos comandos mais comuns e explorar ferramentas menos conhecidas, mas extremamente poderosas. Comandos como look, rev, tac, yes, nl, column, shuf, comm, chrt e watch podem parecer secundários à primeira vista, mas abrem novas possibilidades de automação, análise e monitoramento.

Incorporar esses utilitários ao seu dia a dia fará de você um profissional mais ágil, produtivo e preparado para resolver problemas de maneira criativa. O verdadeiro poder do Linux está em conhecer bem suas ferramentas — inclusive as que estão escondidas em segundo plano.